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Segurança hídrica: os resultados positivos do reflorestamento na BP3

 

Por: Ane Horst | Fotos: Diogo Santos

Ao longo de mais de três décadas, a Itaipu Binacional vem desenvolvendo ações de restauração florestal na Mata Atlântica, e o desempenho e resultado dessas atividades vem sendo analisados através de um projeto do Núcleo de Inteligência Territorial (NIT), do Eixo Biodiversidade.

O tema resultou em um estudo sobre as contribuições da restauração florestal para a paisagem do reservatório de Itaipu, que analisa mapeamentos de 30 anos de reflorestamento do reservatório da Bacia do Paraná 3, iniciando em 1985 até o ano de 2017.

Dentre os pontos positivos deste reflorestamento está o aumento do sequestro de carbono pelas áreas que regeneraram. Esse sequestro, realizado por meio da fotossíntese, remove o gás carbônico da atmosfera e lança oxigênio.

 

Quer saber mais sobre sequestro de carbono?

Ouça aqui um Podcast dedicado exclusivo com o eng. Anderson Braga - um dos responsáveis pela elaboração do inventário anual de emissões e fixações de GEEs da Itaipu Binacional.

 

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A restauração florestal foi responsável pelo ressurgimento de 73 mil hectares de florestas no local estudado.

 

Dr. Leandro Reverberi Tambosi, professor adjunto da Universidade Federal do ABC aponta “Em 1985 nós tinhamos 18% de cobertura florestal na BP3, se a gente não tivesse tido a restauração, tivesse tido só o desmatamento, em 2017 nós teríamos apenas 15% de cobertura florestal. Ainda bem que temos essa restauração acontecendo para reverter um pouco desse efeito negativo do desmatamento, passando de 18% em 1985 para 22% em 2017”

 

 

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Dr. Leandro Reverberi Tambosi, professor adjunto da Universidade Federal do ABC

 

Apesar da contribuição dessa restauração, o desmatamento ainda é um empecilho e um grande problema que impede resultados positivos maiores que os apresentados nesses trinta anos analisados.

 

 

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O aumento líquido, devido ao desmatamento, resultou em apenas 43 mil hectares de florestas, comparado à cobertura florestal de 1985.

 

“Esses desmatamentos estão comprometendo bastante a capacidade de sequestrar carbono. Se a gente não tivesse desmatado parte das áreas que regeneraram, a porcentagem de sequestro de carbono poderia ser duas vezes maior” relata o Dr. Leandro.

 

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“Nós estamos perdendo de 20 a 80% potencial de sequestrar carbono com a restauração, simplesmente devido ao desmatamento que a gente provoca nas áreas que começaram a restaurar”.

 

Outro importante benefício desta ação é o aumento da disponibilidade de habitat, evitando perda de espécies e expansão do fluxo de organismos. A restauração possibilitou caminhos mais diretos para fluxo de animais na paisagem do reservatório de Itaipu. A área florestal ficou funcionalmente mais conectada possibilitando que os organismos consigam chegar a locais mais variados para a recolonização.

 

 

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"De acordo com o Dr. Leandro “Através da retauração foi possível reduzir o número de fragmentos de floresta de 17 mil para 14 mil, isso é positivo porque não foi destruição foi conexão onde dois ou três fragmentos viraram um só”

 

A próxima etapa do projeto é selecionar áreas prioritárias para restauração, analisar o potencial de conexão e potenciais corredores pois essa conexão entre os fragmentos fundamental para que seja possível a continuidade dos serviços ecossistêmicos.
Adentrando no conceito de serviços ecossistêmicos, durante o 3º dia do III Workshop do NIT, a Msc. Veridiana da Costa Pereira, Eng. Florestal apontou a importância desse tema no conceito floresta, água e energia.

Em um breve resumo, serviços ecossistêmicos consistem em serviços que a natureza fornece ao homem que permitem uma melhor qualidade de vida e bem-estar da sociedade, que contribuem diretamente para a sobrevivência humana.
A conservação da biodiversidade se faz necessária e a proteção de florestas é um dos primeiros pontos que podem garantir os serviços ecossistêmicos através da regeneração de espécies.

Segundo a Msc. Veridiana Pereira um hectare de floresta em pé na Amazônia tem uma rentabilidade em serviços ecossistêmicos de R$ 3.500,00 ao ano, ela afirma que “são estimativas que nós temos que estar sempre, inclusive dentro do processo de restauração como qualquer atividade produtiva, nos questionando de quanto estamos investindo, mas quanto isso também está nos retornando em benefícios”.

 

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Existem quatro modelos de serviços ecossistêmicos: de provisão, de regulação, culturais e de suporte.

 

A ocorrência de grande parte desses serviços depende diretamente da água. Em 2020, a energia hidráulica participou com 64% de toda a geração de energia no Brasil. Essas fontes contribuem para a segurança energética, a regularização dos fluxos e a provisão de outros serviços ecossistêmicos.

A restauração das florestas próximas ao grande lago foi chamada de cortina florestal, pois garante a segurança hídrica do local. Através do reflorestamento as águas são protegidas da erosão, do assoreamento da poluição e da estiagem, pois as árvores se tornam uma barreira contra as enxurradas e o vento, além de funcionar como infiltro, pois, absorve as águas da chuva e libera aos poucos, auxiliando em tempos de estiagem.

“Nós criamos um novo ecossistema, que não é nem a floresta original ou o rio original, mas um ambiente com características próprias, em uma paisagem em constante modificação que nós tentamos “ler” através das nossas lentes – agua, biodiversidade, território e clima” afirma Veridiana. Hoje, entre brasil e Paraguai a Itaipu possui cerca de 100.000 ha de áreas protegidas onde esse novo ecossistema fornece inúmeros serviços ecossistêmicos.

 

Saiba mais sobre este tema através do Podcast Diálogos sustentáveis, “Serviços ecossistêmicos”.