Newsletter NIT #3

O III Workshop do NIT presentou importantes resultados alcançados pelo Núcleo. Confira!

Histórico e qualidade da BP3: pesquisadores apresentam importantes resultados

 

Estudos e pesquisas sobre o histórico e a qualidade da água da Bacia do Paraná 3 (BP3), que abastece o Reservatório da Itaipu, deram o tom do primeiro dia da terceira edição do Workshop do Núcleo de Inteligência Territorial (NIT): Dados, Informações e Conhecimento a Serviço da Gestão Territorial e Segurança Hídrica.

No âmbito das águas superficiais, a Dr. Adriane Calboni, da Universidade Federal do ABC (UFABC) e bolsista do NIT, apresentou os efeitos da cobertura do solo sobre a provisão de serviços ecossistêmicos associados aos recursos hídricos do reservatório.

ADRIANE.PNG

As mudanças dos usos da terra afetam os ecossistemas naturais e, consequentemente, impactam diretamente nos recursos hídricos, com a BP3 não seria diferente.

Foto_Legenda01_ações de conservacao_IB.PNG
Com economia baseada no setor agroindustrial, a região concentra boa parte do uso do solo em cultivos anuais (57,5%); seguidos de floresta nativa (17%), pastagem (6,5%) - em declínio, e área urbana – em expansão (1,8%).

As ações de conservação do solo promovidas por Itaipu como terraceamento, técnicas conservacionistas de cultivo, restauração de matas ciliares e recuperação de nascentes, serviram como base para o estudo de caracterização do histórico de qualidade da água, a partir de dados coletados por 17 estações de monitoramento ativas em afluentes da BP3, entre os anos de 1989 e 2019, além de projetar as tendências para 2034.

Foto_Legenda02_areasdeEstudo_IB.PNG

Foram analisadas as 7 sub-bacias: Arroio Iguaçu, São Francisco Verdadeiro, São Francisco Falso, São Vicente, São João, Ocoí e Passo Cuê.

Para estimar os índices relacionados aos serviços ecossistêmicos, foram analisados parâmetros da base de dados da Itaipu como Sólidos totais, Sólidos em suspensão, Turbidez, Condutividade elétrica, Demanda bioquímica de oxigênio (DBO 5 dias), Oxigênio dissolvido Saturação de oxigênio, pH, Fósforo total, Nitrato, Nitrito, Nitrogênio amoniacal, Nitrogênio Kjeldahl, Coliformes totais e Coliformes fecais.

Foto_Legenda_03_ResultadosI.PNG

Segundo Adriane, “para a maioria dos casos (68,5%), não houve tendências nem de melhora nem piora”.

Foto_legenda04_piora.PNG

A pesquisa detectou ainda que, em 71 casos (27,8%), houve piora. Em destaque, a condutividade elétrica (CE) e Nitrato (NO3- ) que na maioria dos recursos d´água apresentaram tendências de piora. Enquanto 6 cursos d´água ( localizados nas sub-bacias Ocoí, Passo Cuê, Arroio Iguaçu e São Francisco Verdadeiro, ) apresentaram piora para todos os parâmetros.

Uma nova maneira de monitorar sistemas aquáticos

Um livro que conta o histórico das transformações ambientais do reservatório em marcadores físicos e biológicos”, foi assim que definiu a Drª Luciane Fontane, da UFABC, que, ainda no contexto histórico do reservatório, apresentou a paleolimnologia: ciência multidisciplinar que usa as informações biogeoquímicas preservadas nos sedimentos para reconstruir as condições ambientais passadas, ou seja, trata-se da “memória do ecossistema aquático”.

LUCIANE.JPG

Neste cenário, a paleolimnologia vem como uma importante ferramenta de contribuição para o monitoramento da qualidade da água e, ainda, a partir da análise de sedimentos, verificar a eficácia da implementação das práticas conservacionistas no território.

FOTO LEGENDA 03 PALIMIOLOGIA.PNG

"Para isso, são recuperados perfis sedimentares e datá-los através de perfis radioisótopos - no caso de reservatórios que são ecossistemas "jovens" na paisagem, o que se usa é o Chumbo (210 Pb) e Césio (137Cs)", explicou a especialista.

A pesquisa liderada pela Drª Luciane, tem como objetivo reconstituir as mudanças limnológicas em 2 sub-bacias e 1 microbacia (Ocoí, São Francisco Verdadeiro e Arroio Fundo) em longa escala temporal (ca. De 80-100 anos) - que abrange desde a fase rio, passando pela barragem, até a fase atual.

Os estudos estão avaliaram questões como: mudanças na velocidade de sedimentação ao longo do tempo; alterações nas fontes de matéria orgânica e identificação de sinais de eutrofização no registro.

figura7.PNG

"São Francisco Verdadeiro apresentou maior velocidade de sedimentação, enquanto Arroio Fundo apresentou decréscimo de velocidade", concluiu a palestrante.

Segundo a pesquisa, é possível concluir, de forma preliminar, que a matéria orgânica depositada apresenta uma clara evidência de aumento na contribuição de soja no carbono orgânico depositado, especialmente a partir do ano 2000 – mesmo ano que houve aumento na taxa de sedimentação. Atualmente, há sinais claros de eutrofização na sub-bacia de São Francisco Verdadeiro.

Ainda sobre qualidade da água 

bianca.JPG

Os impactos das atividades produtivas, especialmente as agrícolas, também foram pautadas pela Drª Bianca Amaral, pesquisadora do NIT, no painel sobre “Micropoluentes em águas superficiais e subterrâneas: a importância do monitoramento para segurança hídrica”. Segundo Bianca, o modelo de teste Screening (rastreio) utilizado nas últimas análises do Eixo Água NIT, demonstrou ser uma excelente ferramenta para nortear quais os prováveis poluentes presentes nos recursos hídricos​. Além disso, o monitoramento de diversos agrotóxicos pode auxiliar na mudança de parâmetros reguladores e nortear estudos sobre possíveis efeitos tóxicos na biodiversidade​.

gustavo.JPG

Aprofundando, literalmente, as questões que envolvem a qualidade da água na BP3, o Drº Gustavo Athayde, da UFABC, trouxe o panorama das “águas invisíveis” ou águas subterrâneas. De acordo com Gustavo, as pesquisas apontam que a BP3 depende das águas subterrâneas para seu desenvolvimento social e econômico.

Sobre os efeitos negativos da superexploração e/ou  contaminação dos aquíferos por fluidos superficiais, o pesquisador detalhou que "necessitamos complementar o monitoramento com ferramentas complementares para compreender onde estão as zonas mais produtoras, qual profundidade e a idade das águas subterrâneas".

 

 

 

Workshop do NIT mostra como a ciência pode colaborar com o dia a dia

 

A terceira edição do Workshop do Núcleo de Inteligência Territorial (NIT), instituição formada por uma parceria entre a Itaipu Binacional e o Parque Tecnológico Itaipu Brasil (PTI-BR), reuniu mais de 180 profissionais de diferentes áreas do conhecimento e pesquisadores de 18 instituições acadêmicas brasileiras. Foram 36 palestras e 84 apresentações de trabalhos ao longo de três dias, de 29 de novembro a 1º de dezembro. O evento aconteceu de forma híbrida (presencial e on-line).

O objetivo do Workshop é dar visibilidade aos projetos desenvolvidos pelo Núcleo no âmbito da gestão territorial e da garantia da segurança hídrica do reservatório da usina e da região, além de realizar o intercâmbio de conhecimento entre os participantes. Foram abordados assuntos como sensoriamento remoto, ecossistema e biodiversidade, águas subterrâneas, variabilidade climática, saneamento ambiental, saúde pública e educação ambiental. 

_MG_2896.jpg
Durante a cerimônia de abertura do Workshop, em 29 de novembro, as autoridades presentes receberam um documento contendo os resumos das pesquisas submetidos ao evento. Foto: Kiko Sierich 

Estiveram presentes o diretor de Coordenação da Itaipu, general Luiz Felipe Carbonell; o diretor técnico executivo da Itaipu, Celso Villar Torino; a diretora jurídica, Mariana Favoreto Thiele; Auder Machado Vieira Lisboa, representando o diretor financeiro, almirante Anatalício Risden; e o diretor técnico do PTI-BR, Rafael Deitos; o reitor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Gleisson Pereira de Brito, entre outros. 

De acordo com o diretor de Coordenação da Itaipu, general Luiz Felipe Carbonell, os resultados apresentados pelo Núcleo desde sua implantação, em agosto de 2018, atendem aos objetivos estratégicos da binacional, especialmente no subsídio de informações relevantes para as áreas técnicas.

“Temos aqui produção de conhecimento e inovação que impressionam. Todos os estudos feitos pelo NIT têm por objetivo a prática, todos saem do papel: começam na teoria, passam pelo processo de pesquisa, cria-se a metodologia e aplica-se na realidade. Um ciclo raro, que funciona”, destacou o diretor.

_MG_2833.jpg
Carbonell elogiou os projetos do NIT, que "saem do papel para a prática". Foto: Kiko Sierich

Para o diretor técnico do PTI-BR, Rafael Deitos, o NIT contribui significativamente com o propósito do Parque, que é “entregar soluções à sociedade visando bem-estar e riqueza”, detalhou. “Quando você coloca conhecimento, estudo, tecnologia e equipe dedicada, o resultado são entregas excelentes como estas que vocês veem sendo desenvolvidas aqui”, finalizou Deitos.

Representando as universidades parceiras do Núcleo, o reitor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Gleisson Pereira de Brito, destacou a importância do NIT e do evento para a academia. “Na governança pública fala-se sobre como mensurar a eficiência e eficácia das instituições. E, para nós, um aspecto muito notório é a entrega de valor. Esse evento marca, justamente, o potencial dessas entregas”, enfatizou Gleisson.

Sobre nós

Localizado no Centro de Competência em Inteligência e Gestão Territorial do PTI-BR, o NIT é um espaço técnico-científico formado por colaboradores da Itaipu, do PTI, alunos e pesquisadores, organizado para fornecer suporte a atividades de pesquisa com foco na segurança hídrica, energética e desenvolvimento regional sustentável, contribuindo com os indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

DADOSNITI.PNG
Com envolvimento direto de cerca 200 colaboradores, o NIT já desenvolveu 22 produtos de base tecnológica para Itaipu.

O gestor do NIT, Olímpio dos Santos Filho, resume: “é pesquisa aplicada que gera resultado no dia a dia da sociedade”. 

O Núcleo atua com a geração e análise de dados que, transformados em informações relevantes, tornam-se fundamentais para a tomada de decisão de maneira estratégica e adequada. 

_MG_2882.jpg
Os anais do evento estão disponíveis aqui. 

 

Notas especiais

 

perdigao_edit.jpeg camila_edit.jpeg cupelli_edit.jpeg

Segurança hídrica: conceitos, dimensões e planejamento 

 

 

Abrindo o ciclo de palestras do III Workshop do NIT, o Dr. Carlos Alberto Perdigão, Superintendente Adjunto de Planejamento de Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA), abordou os conceitos, dimensões e planejamento relacionados à segurança hídrica, além de apresentar dados relevantes sobre abastecimento, esgotamento e irrigação. Além disso, destacou os principais pontos do Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH) e do Portal do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos hídricos (SNIRH).

 

Modelo hidrogeoqúimico conceitual de circulação das águas no Sistema Aquífero Serra Geral, região da BP3

 

A Drª Camila de Vasconcelos, apresentou as assinaturas hidrogeoquímicas, profundidades de circulação de águas subterrâneas e processo de interação água-rocha na BP3, abordando os fatores que influenciam a composição das águas subterrâneas. Classificação das águas, zoneamento hidroquímico​, variações composicionais por profundidade de fluxo​,assinatura antrópica em fluxos rasos​, separação por unidades geológicas e processos hidrogeoquímicos.

 

O papel educativo da Escola Internacional para Sustentabilidade, no contexto do NIT

 

A atuação da Escola Internacional para Sustentabilidade (EIS), iniciativa educacional da Itaipu em parceria com o PTI-BR, foi apresentada pelo Msc. Rodrigo Cupelli, coordenador da EIS por parte da binacional. Além de se consolidar como uma importante ferramenta de multiplicação das experiências da IB, - através de cursos multitemáticos, a Escola possui uma ampla produção de conteúdos multimídia sobre as iniciativas que compõem os eixos do NIT, contribuindo para a sensibilização e divulgação das ações e parcerias em andamento. 

 

jeff ok.PNG joão.PNG cristiano 5.PNG

Desenvolvimento de tecnologias para gerenciamento ambiental automatizado do reservatório e áreas protegidas

 

Imagens de drones tem se mostrado muito eficazes no processo de monitoramento das macrófitas. O engenheiro agrícola Jefferson Silva afirma que por meio de análises, foram elaborados mapas onde constam as principais incidências de Bloom de algas, áreas que não possuem vegetação arbórea, áreas com supressão vegetal, sólidos em suspensão entre outros. O monitoramento é diário e compilado a cada 15 meses. Utilizando dados de estações parceiras, associados a dados obtidos através dos satélites foi possível obter também uma grade de identificação de áreas com maiores ou menores riscos de incêndios.

Avaliação da trofia do reservatório de Itaipu em diferentes escalas espaciais e temporais

 

 

O palestrante Dr. João Durval explica os resultados obtidos através da pesquisa que apresentam os níveis de distribuição da clorofila, além de relatar que predominantemente está presente o estado mesotrofico nas bacias analisadas. Por meio de dados obtidos diariamente em tempo real, o projeto também conseguiu medir o nível do fósforo nas águas, para isso foi utilizada uma rede neural contando a profundidade e o nível de oxigênio dissolvido para analisar a qualidade da água. Temperatura, condutividade, PH, oxigênio, esses são alguns itens levados em consideração para obter os resultados.

Formulação de uma ferramenta de gestão territorial associada ao saneamento e meio ambiente

 

 

Para aperfeiçoar a gestão ambiental em 55 municípios do Oeste do Paraná, próximos ao reservatório da Itaipu, foi elaborada uma ferramenta de gestão territorial associada as questões do saneamento e do meio ambiente que desenvolve índices ambientais capazes de responder três questões: onde está localizado o município com maior potencial poluidor; o município que mais capta agua na região e o município que mais carece de investimentos relacionados ao saneamento. Quem apresentou os resultados dessa pesquisa foi o Dr. Cristiano Niederauer da Rosa, integrante do eixo território do NIT. 

moaelozove.PNG ANA.PNG PATI.PNG

Os Modelos de Previsão de Precipitação Aplicados na Hidrologia​

 


Os Modelos de Previsão de Precipitação Aplicados na Hidrologia​, foram tópicos abordados pelos integrantes do NIT, Dr. Moacir Schmengler e Eng. Luiz Fernando Lozove. Enquanto Moacir destacou a avaliação dos erros sistemáticos nas previsões de precipitação de modelos numéricos de previsão de tempo - classificados entre erros aleatórios provenientes de fatores que não podem ser controlados e erros sistemáticos que se repetem. A precipitação é uma das variáveis mais importantes para previsão de vazão da usina. ​Já Lozove, apresentou a temática de precipitação a curtíssimo prazo com dados de radar.

Uso do Google Earth Engine para avaliação de planície de inundação

 

 

A MSc. Ana Caroline Ferreira, integrante do NIT, apresentou o uso do Google Earth Engine para avaliação de planície de inundação. A escolha dessa plataforma se dá pelo fato de se tratar de uma ferramenta gratuita e de fácil acesso. Entre os resultados apresentados conclui-se que alagamentos são contabilizados​ na ferramenta, não é realizada a diferenciação entre alagamentos e cheia​, além de qualquer água pixel identificado como água dentro da linha de verificação pode ser considerado.

Desenvolvimento de sistema de alertas para o gerenciamento do reservatório​

Para acompanhar o crescimento excessivo de macrófitras, o bloom de algas e a supressão vegetal nas áreas de interesse da usina hidrelétrica de Itaipu a equipe do NIT atua com o sensoriamento remoto - que utiliza imagens espaciais e temporais de satélite de alta resolução - como opção tecnológica, assertiva e otimizada para o monitoramento presencial em barcos. Para identificação dos alvos, é utilizada utiliza a constelação Planet - com resolução espacial de 3 metros e tempo de revisita do satélite diário​. O tema foi apresentado pela Eng. Patrícia G. Silva, do NIT. 

 

IMG_0674.jpg rolf.PNG NORMA.PNG

A importância da herpetofauna para os processos ecossistêmicos terrestres e aquáticos

 

 

Esse foi o tema de uma das palestras do III Workshop do NIT apresentada pelo Dr. Michel Varajão Garey, que trouxe um relato da influência positiva da conservação dessas espécies. Esses seres influenciam diretamente os processos da qualidade d’água, atuam na polinização e dispersão de sementes além do controle de pragas agrícolas. A área do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) está sendo amostrada, e foram encontradas até o momento 20 espécies de anfíbios, com isso, concluiu-se que 14 espécies recolonizaram a área reflorestada. Em relação aos repteis, foram encontradas 13 espécies no RBV, em termos de recolonização foram 2 espécies. Essas espécies estão ameaçadas pela perda e fragmentação do habitat, por isso o estudo teve como um de seus principais objetivos avaliar a influência da recolonização das áreas reflorestadas no reservatório de Itaipu.

Sistema automatizado para monitoramento da biodiversidade

 

 

 

Os primeiros resultados de uma tecnologia voltada para o inventário de fauna, para o eixo biodiversidades foram obtidos, e quem trouxe esses resultados em forma de apresentação foram o MSc. Rolf Massao e Jonathan Rambo.  Através de uma câmera, um sensor de movimento e inteligência artificial é possível que a identificação de animais seja feita de forma instantânea e catalogada em uma plataforma em tempo real. Para que isso seja possível, profissionais estão ensinando o computador, por meio de uma série de imagens e banco de dados de determinado animal, a entender o conjunto de pixel e quais pixels formam tais imagens a identificar. Nos resultados preliminares foi possível identificar três animais: uma lebre, um lagarto e um gato. Após o reconhecimento desse animal, feito pela inteligência artificial, a imagem e o dado serão enviados para a plataforma catalogando quais e quantos animais passaram pelo local.

Insetos e aracnídeos: bioindicadoras do estado de conservação do Refúgio Biológico Bela Vista e do Parque Nacional do Iguaçu

 

Inventariar a fauna de borboletas (Lepidoptera), libélulas (Odonata), vespas sociais (Vespidae), moscas (Diptera) e opiliões (Arachnida, Opiliones) do Parque Nacional do Iguaçu (PNI) e Refúgio Biológico Bela Vista de Itaipu (RBBV)​ é o trabalho liderado pela Drª Norma Barbado, do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Entre as ações apresentadas pela especialista estão os resultados parciais de uma das campanhas previstas para a pesquisa. Ao todo, serão realizadas 4 campanhas de coleta de 9 dias contínuos no PNI e das 4 campanhas de coleta de 5 dias contínuos. Entre os resultados parciais da Coleta 1, realizada no PNI, em setembro/21 - foram encontradas 420 indivíduos de borboletas, distribuídos em aproximadamente 100 morfoespécies de seis famílias de borboleta, Cerca de 25 morfoespécies de libélulas, 25 espécies/morfoespécies, 79 colônias de vespas e Cerca 80 indivíduos de Opiliões. Não foram identificadas moscas (diptera).

Inventariamento e conservação da biodiversidade de anfíbios do RBV

 

Sapos, rãs e pererecas… assim são popularmente conhecidos os anuros, grupo de anfíbios vertebrados com ciclo de vida bifásico – com uma fase larval aquática – exclusiva de água doce – e outra fase terrestre, pós-metamórfica, que estão compondo uma importante pesquisa de inventariamento e conservação da biodiversidade de anfíbios do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV).

DSC01799.JPG
Os resultados preliminares dos estudos foram apresentados pelos pesquisadores Me. Tarik Athon Kardush e Ma. Camila Souza Batista.

Essas espécies possuem características peculiares em relação à ectotermia, ou seja, não regulam a temperatura interna corporal, fazendo com que a taxa metabólica delas dependa das condições do ambiente que estão inseridos.

Ademais, 90% das trocas gasosas (respiração) acontece através da pele. Tornando-os organismos bastante sensíveis às condições de umidade e temperatura do ambiente.

Quanto as funções ecossistêmicas, os anuros contribuem tanto como presas quanto como predadores. Em seus habitats, esses anfíbios favorecem o ciclo de matéria e fluxo de energia, além do controle de pragas e vetores de doença. Os girinos também participam de um processo de bioturbação – ao nadar, fazem revolvimento dos corpos d’água e, consequentemente, disponibilizam nutrientes que estavam presos aos sedimentos para todo ambiente aquático.

FOTO 3 ANUROS.PNG

Redução de anfíbios diminui as funções ecossistêmicas

Para inventariar a anurofauna e comparar a riqueza e composição de espécies do RBV a equipe multidisciplinar realizou cinco campanhas de amostragem. Para isso, foram utilizadas buscas ativas e armadilhas diurnas e noturnas em microecossistemas. Também está prevista uma campanha para janeiro de 2022.

FOTO 2 ANUROS.PNG

Entre os ambientes inventariados estão: Floresta Secundária, Reflorestamento e Antropizado.

FOTO 5 ANUROS.PNG

Tem sapo na área

Por se tratar de espécies florestais, os anuros podem ser consideradas bioindicadoras de numa boa restauração florestal.

De acordo com Tarik, preliminarmente, é possível concluir que apesar de haver sido identificadas duas espécies a mais em floresta secundária, pode se dar pela captura maior de indivíduos nessa região.

FOTO 6 ANUROS.PNG
"Não foram encontradas espécies em risco de extinção. Entretanto, foram realizados três novos registros de espécies na região Oeste do Paraná" - Camila Batista. 
FOTO 7 ANUROS.PNG
"Especificamente para Foz do Iguaçu, foram registradas duas novas espécies. Por serem espécies florestais, podem ser consideradas bioindicadoras de boa restauração florestal", explicou Camila. 

Além disso, a colonização de espécies de novas áreas depende, primariamente, da presença da riqueza das espécies em áreas preservadas mas, também, da proximidade do ambiente a ser colonizado e do ambiente fonte das espécies”

No Refúgio, as áreas são adjacentes. Então, é possível que essa relação tenha influenciado no número similar de espécies em áreas restauradas e de floresta secundária.

FOTO 8 ANUROS.PNG

 

 

O saneamento como importante ferramenta na promoção da saúde pública

 

Desenvolvido através da parceria entre a Itaipu Binacional, a Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) e o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-BR), o convênio de Cooperação Técnica para Implementação de Sistemas Sustentáveis de Esgotamento Sanitário, surge com a necessidade da Implementação de Sistemas Sustentáveis de Esgotamento Sanitário no Brasil.

O projeto tem como principal objetivo promover a ampliação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto à população em seis municípios da região Oeste do Estado do Paraná (Santa Helena, Missal, Itaipulândia, Ramilândia, Medianeira, e Serranópolis do Iguaçu), além de buscar a melhoria da qualidade dos corpos hídricos que integram a Bacia Hidrográfica do Paraná 3 e a Bacia Hidrográfica do Baixo Iguaçu e mensurar as melhoras e diferenças antes e após a sua aplicação nas cidades.

DSC01113.JPG
Dr. Gustavo Possetti, Gerente de Pesquisa e Inovação da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR)

“O que nós precisamos dentro do processo de promoção do meio ambiente e de saúde pública, é ter uma função de transferência, chamada de estação de tratamento de esgoto, capaz de receber esse material e efetuar o devido tratamento, a devida alocação dos recursos que estão sendo ali manejados” aponta o Dr. Gustavo Possetti, Gerente de Pesquisa e Inovação da SANEPAR.

Slide34.jpg

Os principais benefícios agregados do projeto incluem a redução da carga orgânica e de nutrientes provenientes de esgoto doméstico no Lago de Itaipu, o aumento do atendimento à população com esgotamento sanitário e o desenvolvimento regional.

Slide4.jpg
De acordo com dados obtidos pela Agência Nacional de Águas (ANA), apenas 43% da população brasileira possui esgoto coletado e tratado.

Este é um tema prioritário na agenda de gestão do território para possibilitar o controle e prevenção de enfermidades de transmissão hídrica, além de auxiliar na melhora da qualidade ambiental.

Gustavo Possetti afirmou ainda que ao promover essas melhorias estamos, sobre tudo na região Oeste do Paraná, promovendo a segurança hídrica e a segurança energética, aplicando os conceitos de saneamento ambiental.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),  a cada R$ 1 investido em saneamento, R$ 4 são economizados em gastos com saúde.

De acordo com o Dr. Gustavo, o esgoto quando devidamente gerenciado não é um resíduo e, sim, um insumo apto a gerar valor para sociedade, gerar subprodutos que podem viabilizar novos modelos de negócios, além de promover inovação do território.

Esgoto x pandemia

Associado também ao saneamento, está o projeto “Monitoramento do Esgoto como Ferramenta de Vigilância Epidemiológica para Detecção do SARS-CoV-2” - que consiste na detecção do coronavírus através de amostras coletadas em esgotos apresentado pelo Dr. Rodrigo Bueno, engenheiro e professor na Universidade Federal do ABC (UFABC).

image-1639152392389.jpg
Dr. Rodrigo Bueno, engenheiro e professor na Universidade Federal do ABC.

Como isso é possível? Em resumo, os pacientes com COVID-19, sejam eles sintomáticos ou assintomáticos, eliminam partes do vírus nas fezes, fornecendo assim, através do esgoto, dados que contribuem para determinar a presença do SARS-CoV-2 e suas variantes no local.

De acordo com o Dr. Rodrigo Bueno, "o esgoto retrata muito as condições de saúde de determinada população e pode ser utilizado como um biomarcador para saber o cenário do que está acontecendo com aquela população relacionado a saúde”.

Através das análises dessas coletas, que acontecem semanalmente, é possível verificar e quantificar a presença e disseminação do vírus em uma determinada região da cidade e com isso determinar ações para o enfrentamento e controle da COVID-19.

feed_ig4.jpg

Essa iniciativa está sendo desenvolvida na cidade de Foz do Iguaçu, através da parceria entre a Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-BR), a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), a Universidade Federal do ABC (UFABC) e a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).

“Esses dados são importantes porque a gente consegue, junto com os dados clínicos e com a saúde pública, propor subsídios mais assertivos para o enfrentamento da pandemia” afirma o Dr. Rodrigo Bueno.

Quer entender mais sobre o tema? Acesse a cartilha “Monitora Covid-19 Itaipu-Foz do Iguaçu”, disponível para download. O principal objetivo da cartilha é auxiliar a população a entender o processo e a importância do monitoramento do vírus no esgoto.

 

 

 

Segurança hídrica: os resultados positivos do reflorestamento na BP3

Ao longo de sua trajetória, a Itaipu vem desenvolvendo ações de restauração florestal na Mata Atlântica. O tema resultou em um estudo sobre as contribuições da restauração florestal para a paisagem do reservatório de Itaipu, que analisa mapeamentos de 30 anos de reflorestamento do reservatório da Bacia do Paraná 3 (BP3), iniciando em 1985 até o ano de 2017, dentro do Eixo Biodiversidade do NIT. 

Entre os pontos positivos da iniciativa está o aumento do sequestro (fixação) de carbono pelas áreas que regeneraram. Esse processo, realizado por meio da fotossíntese, remove o gás carbônico da atmosfera e lança oxigênio.

Quer saber mais sobre sequestro de carbono?

Ouça aqui um Podcast exclusivo com o eng. Anderson Braga - um dos responsáveis pela elaboração do inventário anual de emissões e fixações de GEEs da Itaipu Binacional.

 

Slide14.jpg
A restauração florestal foi responsável pelo ressurgimento de 73 mil hectares de florestas no local estudado.

Dr. Leandro Reverberi Tambosi, professor adjunto da Universidade Federal do ABC (UFABC) aponta  que graças as ações de restauração, os percentuais de cobertura florestal foram positivos.

“Em 1985, nós tínhamos 18% de cobertura florestal na BP3. Se a gente não tivesse tido a restauração, em 2017 nós teríamos apenas 15% de cobertura florestal. Ainda bem que temos essa restauração acontecendo para reverter um pouco desse efeito negativo do desmatamento, passando de 18% em 1985 para 22% em 2017”, detalhou o especialista.

fhfffhrah.PNG
Dr. Leandro Reverberi Tambosi, professor adjunto da Universidade Federal do ABC

Apesar da contribuição da restauração, o desmatamento ainda é um empecilho e um grande problema que impede resultados positivos mais amplos que os apresentados nesses 30 anos analisados.

image-1639076869194.jpg
O aumento líquido, devido ao desmatamento, resultou em apenas 43 mil hectares de florestas, comparado à cobertura florestal de 1985.

“Os desmatamentos estão comprometendo bastante a capacidade de sequestro de carbono. Se a gente não tivesse desmatado parte das áreas que regeneraram, a porcentagem de fixação de carbono poderia ser duas vezes maior” relata o Dr. Leandro.

Slide30.jpg
“Nós estamos perdendo de 20 a 80% potencial de sequestrar carbono com a restauração, simplesmente devido ao desmatamento que a gente provoca nas áreas que começaram a restaurar”.

Outro importante benefício evidenciado é o aumento da disponibilidade de habitat, evitando perda de espécies e expansão do fluxo de organismos. A restauração possibilitou caminhos mais diretos para o trânsito de animais na paisagem do reservatório de Itaipu. A área florestal ficou funcionalmente mais conectada possibilitando que os indivíduos consigam chegar a locais mais variados para recolonização.

Slide21.jpg
"De acordo com o Dr. Leandro “Através da restauração foi possível reduzir o número de fragmentos de floresta de 17 mil para 14 mil, isso é positivo porque não foi destruição foi conexão onde dois ou três fragmentos viraram um só”

A próxima etapa do projeto vai selecionar áreas prioritárias para restauração, analisar o potencial de conexão e potenciais corredores, pois essa conexão entre os fragmentos fundamental para que seja possível a continuidade dos serviços ecossistêmicos.

veri.PNG

Ainda no cenário dos serviços ecossistêmicos, durante o 3º dia do III Workshop do NIT, a Msc. Veridiana da Costa Pereira, Eng. Florestal da Itaipu, apontou a importância desse tema no conceito floresta, água e energia.

Resumidamente, serviços ecossistêmicos consistem em serviços que a natureza fornece ao homem que permitem uma melhor qualidade de vida e bem-estar da sociedade, que contribuem diretamente para a sobrevivência humana. Sendo assim, a conservação da biodiversidade se faz necessária e a proteção de florestas é um dos primeiros pontos que podem garantir os serviços ecossistêmicos através da regeneração de espécies florestais.

Segundo Veridiana, um hectare de floresta em pé na Amazônia tem uma rentabilidade em serviços ecossistêmicos de R$ 3.500,00 ao ano.

"São estimativas que nós temos que estar sempre nos questionando de quanto estamos investindo, mas quanto isso também está nos retornando em benefícios”, enfatizou a engenheira. 

Slide4.jpg
Existem quatro modelos de serviços ecossistêmicos: de provisão, de regulação, culturais e de suporte.

A ocorrência de grande parte desses serviços depende diretamente da água. Em 2020, a energia hidráulica participou com 64% de toda a geração de energia no Brasil. Essas fontes contribuem para a segurança energética, a regularização dos fluxos e a provisão de outros serviços ecossistêmicos.

Através do reflorestamento, as águas são protegidas da erosão, do assoreamento da poluição e da estiagem, pois as árvores se tornam uma espécie de barreira contra as enxurradas e o vento, além de funcionar como filtro que absorve as águas da chuva liberando aos poucos o volume acumulado, auxiliando em tempos de estiagem.

“Nós criamos um novo ecossistema, que não é nem a floresta original ou o rio original, mas um ambiente com características próprias, em uma paisagem em constante modificação que nós tentamos “ler” através das nossas lentes – água, biodiversidade, território e clima” afirma Veridiana.

Hoje, entre brasil e Paraguai, a Itaipu possui cerca de 100.000 ha de áreas protegidas onde esse novo ecossistema fornece inúmeros serviços ecossistêmicos.

Confira uma entrevista completa com a especialista no Podcast "Diálogos Sustentáveis, da Escola Internacional para Sustentabilidade.